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sábado, 28 de dezembro de 2013

(In)completude d'alma

Sou noite quando dia
sei dizer em versos
o que não digo em voz
sei que não só na noite
que existem as estrelas
assim são meus versos
que de dia se escondem
e quando sou noite
cobrem o céu
céu dos meus pensamentos
luzes que minhas mãos não alcançam
me contendo a escrever
mesmo que descontente
poeta que finge, já disseram
sorria com os dentes
pois de rimas não se fazem os dias
mas as noites de mim
rimam cada simples substantivo
sou pela metade
rima pobre, verso inacabado
buscador de mim
entre luzes da madrugada
sonhador sem fim
que espera a alvorada.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Rascunho de mim (em tinta azul)

Sou um rascunho de mim
em tinta azul no papel bom
sou meio noite, meio dia
nove e meia da manhã
e quando cedo acordo
lembro sonhos, faço outros
canto em si bemol a chuva lá fora
esqueço do verão
daqui de dentro
cai folha no outono
lá do outro lado
da janela da vida
que tanto olho
abro todas as cortinhas
mas tem dia que não tem sol
é só nuvem, e nela vejo formas
tem dia que entristeço
e escrevo, como agora
tem dia que ilumino
que escrevo ainda
essa sina
que não tem fim
faço rascunho de mim
aprendo da vida
de caneta azul escrevo
sobre esse tão grande mundo que pouco conheço.


sábado, 23 de novembro de 2013

Equacionando versos em segundo grau

Se me divido
entre cores e preto e branco
sou de um lado bom
e do outro também
desses idênticos opostos
que me somam
tendo ao infinito
e se me subtraio
aos sonhos e medos
tão presentes
nessa equação
inequação maior
menor ou igual a mim
daquele que seria
se me elevasse
a trigésima potência
dos meus anseios
seria talvez
bilhões e trilhões
de mim
mas apenas um que sou
tendo a zero
unidade
não passo de dezena
mas passo em dó maior
sou um, um ponto cinco
e oposto tão idêntico
ao brilho daquela estrela
infinitamente bela
e ausente
será que ela ainda existe?



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Além do sofá

Antes era
futuro do agora
que já foi 
no reprise da tv
que não gravei
perdi a hora
morri na praia
siga aquele carro
compre o modelo novo
de felicidade
que estava a venda
na esquina, no céu
no azul da placa
que tem um nome
que se chama minha rua
que é nua
de flores
como a vida
de quem nada espera
mas eu sim
espero muito
tudo
do futuro
que faço agora acontecer



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Noitecência

à noite escureço 
entristeço, alegro
rio, mar, cachoeira
de luz de estrela
que cai sem tocar
o chão a poeira
da minha cabeceira
que guarda meu sono
sonho como sou
serei rei de algum lugar
do ar, mar que afogo
rima palavra sílaba
letra por letra
num navio cantado
de fumaça e vapor
onde o sol se levanta
e ainda há esperança
de rimar sem nadar
mergulhar, afundar
a pena na tinta
o papel nesse véu
azul do céu
que vem me acordar.

domingo, 20 de outubro de 2013

Autobiografia de um eu desconhecido

"E nunca antes ouvi tantas sirenes ao longe como hoje. Há tanta dessa tal vida lá fora, que quando silêncio, nem me dou conta. Há tantos velejadores nesse mar sem vento que é o viver, há tanta coragem em seus olhos, mas medos tão grandes perturbam seu descanso.E nada mais sei dizer da vida, pois de nada andei, velejei, voei o suficiente para contar detalhes. O que me resta é içar velas e cada ilha que encontrar pelo caminho fazer um porto, uma capela, e história para contar."


Projeto novo, que contarei a tentativa de construção de si mesmo por alguém que é estranho de seus sentimentos e do mundo. Questionar o sentido e o que é tudo que se passa dia após dia, pela janela, na rua, no banco de um ônibus. Encontrar-me-ei.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Cata, vento, a rima solta, venta

Pobre de mim
que saí ao vento
queria ouvir o segredo
do mundo lá fora
que a brisa carrega
e procuro agora
esse pobre de mim
que não sabe escutar
na tarde que cai
o que a vida vem falar
e o vento que vai
levar minha rima
até lá longe
onde
não vejo
mas sinto que
se alguém escutar
vai vir a falar
'pobre de mim'.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Por detrás das cortinas da vida.


E nas entrelinhas dos subtítulos da vida
palavras cruzaram-se como num jogo,
pois todo o mistério do mundo se desfez
assim que eu acendi a luz, levantei, e decidi viver

E nas últimas rimas das poesias do mundo
amor e dor não mais rimaram como antes
pois do poeta que agora escreve nada dói
apenas as bochechas depois de tanto tempo rindo

E agora o céu que era cinza é da cor da felicidade
e o vento que era frio leva a poeira pra longe
as ruas que não acabavam chegam logo aquela casa
morada da vida, da minha alegria, teu leito.

Por detrás das cortinas dessa vida
o maior espetáculo se fez a batidas de coração
com sorrisos simples e sinceros, com palavras
e com gestos, com afeto e um futuro que vem certo.


domingo, 14 de abril de 2013

As pequenas (grandes) alegrias da vida.

Em cada caco de telha,
pedaço de tijolo, cascalho na calçada
Tem uma história, uma cuca rachada
do vaso que caiu da janela
e a bela
flor
se foi.
E a  vida deu um susto.
Pareceu que o amor se foi,
mas então chegou
sorrindo
iluminada
você
e a flor voltou a florescer
e o vaso se juntou
e da janela nada mais caiu
e essa história
só começa
e que seja
gigante
do tamanho dos meus sonhos.


terça-feira, 2 de abril de 2013

Das ruas dessa vida.

Toda esquina da rua dessa vida
em cada uma encontro uma partida
Cada muro com uma frase esquecida
sabe dos passos que aqui deixei,
eu já fui embora mas não esquecerei
de cada caminho que a lua me guiou
e cada um tem seu verso certo
cada qual uma história e seu preço
e todas as vias se congestionam
quando a luz vem mais forte
quando os carros vêm mais rápido
quando eu respiro e me acho
pensando pensado pensei
que na rua dessa vida eu encontrei
meu caminho.